Goiabas, memórias, marcas: o poder das experiências
Acabei de comer uma goiaba bem vermelhinha. Na primeira mordida fui transportada no tempo. Alguma data nos anos 80. Estou no quintal de uma amiga sentada em um galho de uma goiabeira que domina a paisagem, soberana. O aroma e o barulho da mordida foram os gatilhos para voltar à essa época tão feliz da minha vida. Infância e adolescência em uma cidadezinha do interior do Paraná. Lembro do Duque, cachorro da minha amiga Lausi, o velho pastor de quem tínhamos medo e deixávamos escapar só para procurá-lo na vizinhança... Muitos amigos, brincadeiras nas ruas, liberdade e inocência. Memórias mágicas e felizes.
Goiaba também me lembra o Chico Bento, personagem da turma da Mônica que também fez parte dos primeiros anos de minha vida. Chico Bento e suas várias armações para roubar goiabas do vizinho, sempre com seu primo, Zé Lelé...
E aí vem mais lembranças, as pilhas de gibis e horas de leitura no quintal da minha casa, onde quem reinava era uma majestosa mangueira plantada pelo meu pai. Onde eu brincava de boneca com minha irmã, de clube com meus primos, jogava bola com meu pai, fazia experiências extraindo clorofila das folhas das laranjeiras...
Avançando no tempo, goiaba me lembra licopeno. Um importante carotenóide com poderoso poder antioxidade. Sim, não é só o tomate... Como sei disso? Aprendi quando era gerente de produto do Herbarium e precisava posicionar os produtos, neste caso, o LICOPENE. Outro momento fantástico da minha vida, onde minha caminhada no marketing começou, quando descobri minha vocação profissional.
Por que goiabas e memórias estão no título deste artigo vocês já sacaram, né?
E marcas? O que elas têm a ver com tudo isso?
Sempre que temos contato com uma marca (aqui exemplificada pela goiaba vermelhinha) resgatamos todas as memórias relacionadas a contatos anteriores com ela. Rapidinho. Sem mesmo pararmos para pontuar cada experiência como eu fiz aqui. No momento da decisão - será que compro? - todas as associações que temos com aquela marca são instantaneamente acionadas e nos ajudam a "colocar no carrinho" ou não.
Essas associações são formadas por experiências anteriores que tivemos com ela, como relatos de outras pessoas (próximas ou virtuais), propaganda, editoriais, enfim, tudo isso junto.
Por isso, a gestão de uma marca precisa considerar todos os possíveis pontos de contato que seu público pode ter com ela. E o mais importante de tudo: caprichar para que a experiência seja acima da expectativa. Assim nosso cérebro - nem tão racional assim - vai logo logo lembrar-se dela e vai recomendar o clique no "concluir compra".